segunda-feira, outubro 08, 2007

Superstição


Numa sociedade em que a racionalidade e a objectividade imperam, são raras as pessoas que não alimentam uma ou mais crenças irracionais e superstições.
Superstição é uma crença irracional sobre a relação causal entre certas acções ou comportamentos e ocorrências posteriores a que se atribui um efeito.
A superstição é sempre de carácter defensivo.
Os sinais exteriores são os amuletos que se transformaram em adornos e jóias e vivem na elegância universal dos nossos dias.
Essa legítima defesa estende-se às zonas mais íntimas do raciocínio humano e age independente de sua acção e rumo.
As superstições, como os pecados, podem dar-se por pensamentos, palavras e actos.
Por exemplo:
Por pensamento – Fazer três pedidos quando se vê uma estrela cadente;
Por palavras – Dizer “O diabo seja surdo!” quando alguém se referir a uma desgraça acontecida a outra pessoa;
Por actos – levantar da cama com o pé direito para que o dia lhe seja benéfico.
Dá azar abrir um guarda-chuva dentro de casa, uma sexta-feira 13, um ano bissexto, cruzar-se com um gato preto, partir um espelho, sentar 13 pessoas à mesa…
A ideia da superstição é polivalente, pois existe a crença de que há sempre meios de anular a força positiva ou negativa de qualquer elemento.
Se isto acontecer, deve-se fazer aquilo para prevenir o mal, ou realizar certas práticas, ou trazer objectos especiais.
Para evitar o azar, convém bater na madeira ou fazer figas com a mão.
Daí o apelo a talismãs, amuletos, orações e todo um arsenal supersticioso, muitos dos quais servem não só para nos defender do azar ou mau-olhado, como para projectá-lo nos inimigos.
Embora as crenças populares sejam supersticiosos, tudo derivado do terror primitivo do sobrenatural, não se deve confundir superstição com crendice.
Por exemplo, acreditar em bruxas, almas penadas, fantasmas, não é superstição.
Superstição é quando uma pessoa atribui a certos factos, ou criaturas, animais ou coisas, poderes maléficos ou benéficos, dependendo de circunstâncias variáveis.
Ex.: ver um gato preto não tem importância, mas se ele correr na nossa direcção é que dá azar.
Bater na madeira e fazer figas livra-nos do azar.
Diferente ainda é o conceito de mania.
Mania é "uma excentricidade, extravagância, gosto exagerado ou imoderado por alguma coisa; obsessão, prática repetitiva.”
Mania de limpeza, de voltar para verificar se fechou bem a porta ou o gás, de contar objectos um certo número de vezes repetidas, questionar uma informação repetidamente para ver se está correcta, executar minuciosamente uma série de actos sempre pela mesma ordem, sem um fundamento específico.
A repetição dos gestos, realizados com uma determinação e premência que ultrapassa a vontade e o controle do indivíduo, numa rotina pré-programada e imutável, confere segurança e um aparente domínio da situação às pessoas mais ansiosas.
Todos temos manias inofensivas, as manias consideradas normais são aquelas que as pessoas praticam apenas por prazer.
A partir do momento em que passamos a ser dominados e perseguídos pela mania, sem conseguirmos resistir-lhe, então deixa de ser saudável e passa a ser um comportamento doentio.
Agora contem-me lá, quais as vossas superstições e manias?
Quantas coisas vocês fazem e não contam a ninguém?
Quantas manias vocês têm, normais ou exageradas?
Eu… superstições não tenho, a sério.
Sento 13 pessoas à mesa, cruzo-me com o meu gato preto todos os dias, paciência se parti um espelho, ignoro aquelas cadeias irritantes de mensagens estúpidas para enviar a x pessoas, não relaciono nada disso com azar.
Manias… desde pequeno que me lembro de roer as peles à volta das unhas, e faço-o sem dar conta, mesmo que procure evitá-lo.

Zeca Peres